O Pequeno Rei e o Parque Real – de José Roberto Torero

Digitamos uma história legal para você ler. É sobre um pequeno Rei, mas eu não posso contar o resto. Leia!

O  pequeno rei estava  brincando no  parque real, que queria dizer parque do rei.  O pequeno rei era um menino muito  bonito, bem branquinho, loiro, de olhos azuis, nem muito alto nem muito baixo. No parque real também havia outras crianças. E todas estavam brincando. Umas nos escorregador, outras na gangorra e algumas no balancê. Tinha quem jogasse bola, quem pulasse corda e quem, brincasse de esconde-esconde.  Mas aí o Pequeno Reai percebeu que o menino que brincava na caixa de areia era muito baixinho. Então foi até ele e disse: “Este é o Parque Real, e não uma jaula de micos. Pode ir dando o fora, aqui não é pra nanicos.” Então o baixinho baixou a cabeça e saiu de fininho. Depois O Pequeno Rei viu um menino de óculos, foi até ele e disse: “Este é o Parque Real, não é plantação de repolhos. Pode ir dando o fora, aqui não é pra quatrolhos.” E então o menino de pouca visão saiu olhando para o chão. Aí o Pequeno Rei reparou que havia um menino de cabelos bem pretos e olhos puxadinhos. Foi até lá e falou: “Este é o Parque Real, não é país estrangeiro. Caia fora daqui, não gosto de forasteiro.” Então o menino que veio da China, da Índia ou do Iraque, enxugou uma lágrima e saiu do parque. O Pequeno Rei viu um garoto de pele bem escura, preta que nem piche. Foi até lá e disse: “Este é o Parque Real, não é mina de carvão. Pode ir saindo já, aqui não é pra negão.” Então o menino da cor da noite deu um suspiro profundo e saiu pelo mundo. O Pequeno Rei percebeu que havia um garoto bem gordinho. Foi até ele e bradou: “Esse é o Parque Real, não um zoológico gigante. Xô, Xô sai daqui, isso não é pra elefante!” Então o menino gordote saiu dali num pinote. Aí o Pequeno Rei reparou num garoto com penas na cabeça e com a cara pintada. Foi até ele e falou: “Este é o Parque Real, não é tribo nem aldeia. Podem ir puxando o carro, se não vai pra cadeia.” O pequeno índio não mostrou nenhum temor e saiu tocando o seu tambor. O Pequeno Rei viu um menino manco jogando bola. Correu até ele, pôs a mão na cintura e disse: “Esse é o Parque Real, o hospital é ali do lado. Saia já daqui, meu parque não é pra aleijado.” Então o menino fez uma careta e saiu com sua muleta. Depois o Pequeno Reai viu uma menina de tranças que tinha muitas sardas. Foi até ela e berrou: “Esse é o Parque Real, não é a casa da vizinha. Já pra fora que aqui não se brinca de casinha.” E a menina então saiu falando palavrão. Já não tinha quase ninguém no Parque, mas o Pequeno Rei viu que havia ainda um menino que curiosamente, era muito parecido com ele. Tinha cabelo amarelo, olhos azuis e não era nem alto nem baixo. O Pequeno Reai ficou olhando para o menino que era igual a ele, procurando algum defeito, alguma diferença. Até que percebeu que ele não tinha coroa. Aí disse: “Esse é o Parque Real, eu é que faço a lei. Vá embora daqui só entra quem é Rei.”E então o menino que não tinha foi embora numa boa. Depois disso o pequeno rei olhou em volta e viu que não havia mais ninguém no Parque Real. Ele foi até a gangorra… … mas não tinha ninguém para sentar do outro lado. Foi até o balancê… … mas não tinha ninguém para empurrá-lo. E também não tinha ninguém para jogar bola com ele, ninguém para brincar de esconde-esconde, ninguém com quem pular corda, ninguém para brincar de qualquer coisa. Enquanto isso, fora do parque, todo mundo brinacava. O índio corria atrás da menina, que tinha brincado de pega-pega com o baixinho, que pulava com o menino de óculos, que olhava passarinhos com o menino negro, que apostou corrida com o menino de olhos puxados, que nadava com o menino gordinho, que tinha jogado bola de gude com o menino sem coroa, que estava contando piada para o menino manco, que já tinha brincado de estátua com o índio. E aí, você sabe o que o Pequeno Rei fez? Sabe qual é o final desta história? Bom, é você quem vai decidir como ela acaba, porque eu vou colocar dois finais aqui e você vai escolher um deles: 1) Neste primeiro fim, o Pequeno Reai colocou um espelho no Parque Real, e aí ficou fazendo de conta que existia outro menino igualzinho a ele. E enquanto os outros brincavam fora do parque, ele ficava brincando com aquele menino igualzinho, que só repetia o que o Pequeno Reai fazia. Aí de um lado do espelho ficava o Parque Real e do outro um parque que não era real, porque estava dentro do espelho. FIM. 2) No outro final, o Pequeno Rei começou a achar que era muito ruim desejar que todos fossem iguaizinhos a ele. aí ele jogou sua coroa fora, chamou todo mundo de volta e eles começaram a brincar. O menino negro como a noite deu seu estilingue para a menina que pôs  sua fita no braço do menino de óculos, que emprestou seus óculos para o menino de olhos puxados, que deu seu chapéu para o menino sem coroa, que emprestou sua pipa para o índio, que pintou a cara do menino gordinho, que jogava braço-de-ferro com o menino manco, que emprestou suas muletas para o Pequeno Rei brincar. E assim o “Parque Real” virou um parque real, que agora quer dizer “Parque de Verdade”.

Deixe um comentário